O nosso papo de hoje é sobre sair de férias! O que eu mais escuto em relação a isso é:
Bom, não sei se você se identifica com alguma situação como essa, mas elas são bem comuns. Vamos começar falando sobre uma coisa super importante e que antecede ao nosso papo sobre férias.
Mesmo que a nossa profissão seja muito gratificante e que muitas vezes acaba sendo muito prazerosa, ela é a nossa profissão. É aquela parcela da da vida que nós temos habilidade, facilidade e prazer em contribuir para sociedade. Também recebemos realização e dinheiro em troca para conseguir realizar aquilo que chamamos de hobbies (você ainda lembra o que é isso?).
Se nós pararmos para pensar, antigamente o nosso trabalho era chamado de “ganha pão”, você já ouviu essa expressão?
Isso porque aquilo que nos é mais básico é a alimentação e nós, como seres sociais que somos, decidimos que cada um teria uma função social e em troca disso receberíamos o alimento ou a moeda necessária para alcançá-lo.
O que mudou?
Agora trabalhamos tanto que muitas vezes não temos tempo de comer! Pensando assim, o trabalho ganhou um novo significado social e muitas vezes sair de férias virou sinônimo de folga, luxo, “vida boa”.
Tudo isso que refletimos até agora fazem parte da nossa mentalidade, ideias que muitas vezes nós criamos para nós mesmo e que nos aprisiona impedindo que nós consigamos identificar o que nós realmente queremos.
Como já dito, a parcela da nossa vida enquanto psicólogo clínico é a nossa área profissional. De uma forma bem concreta, muitas vezes encontramos a parte financeira do consultório toda misturada com a nossa vida pessoal e dessa forma fica impossível de fato saber onde começa uma e termina a outra.
É necessário saber quanto você tem de gastos exclusivos do seu consultório de modo que seja pago não em 12 meses, mas sim em menos. Para que isso? Bom, porque até onde eu sei, os nossos gastos profissionais (sublocação, CRP, aluguel, IPTU, Curso, Luz) não saem de férias junto conosco, saem?
Então mesmo que eu esteja ausente do consultório, preciso ter um saldo que pague as minhas contas na minha ausência. Só que para isso eu precisa saber quais são os meus gastos do consultório.
Se eu já souber quais são os meus gastos como eu faço para me organizar? Inicialmente temos que pensar o seguinte: enquanto autônomos se nós não trabalharmos nós não ganhamos dinheiro, então a reserva financeira precisa ser feita, antes das férias chegarem.
É uma organização prévia. Mesmo porque é bem mais motivador se organizar para algo que ainda vai acontecer do que ficar pagando por algo que você já fez, não acha?
Agora vamos falar de forma bem objetiva. Para que você possa sair de férias, é necessário que você trabalhe para pagar uma quantidade de tempo em que você não esteja trabalhando.
“Mas você acabou de falar ali em cima que o problema de muita gente não sair de férias é a sobrecarga de trabalho! Como é que agora você está me dizendo para trabalhar a mais para tirar férias?”
Na lógica que eu estou apresentando aqui, você não vai trabalhar a mais no mês que antecede as férias, você vai diluir os gastos do mês que você não estará trabalhando em todos os outros meses, assim, fica muito mais equilibrado.
Então, por exemplo, se você tem R$ 1.000 reais de gastos mensal com o consultório (tenho consciência que para maioria isso é um custo baixo), você gastará R$ 12.000 reais por ano (já pensou?), você vai pegar os R$ 12.000 por ano e dividir por 11 caso você queira tirar um mês de férias (ou quatro semanas, ou duas vezes de quinze dias, várias possibilidades).
Ao invés de você gastar R$ 1.000 por mês, você vai gastar R$ 1.000 e juntar aproximadamente R$ 90 para pagar os gastos do consultório quando sair de férias.
Então, ao invés de você ter R$ 1.000 reais de gasto, você passará a ter R$ 1.090, só que esses R$90 vão ser guardados.
Vamos ver se você entendeu? (Responda sem olhar a resposta!) Caso você quisesse tirar dois meses de férias, quanto teria que reservar nos outros 10 meses de trabalho?
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Se você respondeu R$ 200, acertou! No caso, ao invés de eu dividir meus R$12.000 de gasto anual por 11, é só eu dividir por 10.
Só para finalizamos, preciso fazer uma ressalva! Esse dinheiro que estamos falando é o dinheiro dos gastos do consultório. Caso faça isso, você sairá de férias sem contas do consultório para pagar, mas ainda não terá seu pró-labore.
Nesse caso, é preciso fazer as mesmas contas para os seus gastos pessoais, isto é, o dinheiro que você retira do consultório para viver. Se hoje o seu orçamento é misturado talvez você não entenda isso, mas aos poucos é importante que você vá separando e isso lhe dará uma clareza maior ao que eu estou falando.
Lembrando que somos profissionais que cuidamos da saúde mental das pessoas e ter momentos de descanso, circular por outros ambientes, fazer o que gosta, ter tempo livre, são práticas saudáveis.
Dessa forma estaremos cuidando de nós mesmos e agindo de forma congruente com aquilo que propomos na nossa profissão.
Você achou difícil ou complicado? Bom, eu diria que é trabalhoso, mas bem gratificante porquê dessa forma eu consigo sair de férias por um mês e realmente aproveitar. Ao invés de sair de férias e ficar sem saber como vou pagar as contas quando voltar…
E você, com qual problema quer se ocupar: ter trabalho de se organizar ou sair de férias preocupado (isso se sair, né?)?
>> Texto publicado blog do Revire
Data:17/07/2018